O que é um Radioamador ?

Por Radioamador entende-se o aficionado pelos estudos de transmissão e recepção de ondas eletromagnéticas, bem como a criação e aperfeiçoamento de novos modos e protocolos de comunicação de sinais, voz, dados ou imagem, em frequências compreendidas entre 30 kHz e 4 GHz. A actividade de um radioamador é interpretada por muitos cidadãos comuns como um “hobbie” simples, uma forma vulgar de matar tempo ou até mesmo um desporto.

Por definição, radioamador é aquele que utiliza de seus equipamentos de radiocomunicação, amparados por licença de operação emitida pelos órgãos de regulamentação de telecomunicações dos governos federais ( FCC nos Estados Unidos e ANACOM em Portugal) sem fins comerciais, com finalidade de estudos, aprimoramento pessoal e integração entre os povos. São os radioamadores a reserva de comunicações das quais possuem as nações, em caso de falha dos meios oficiais de comunicações.

Há quem veja um radioamador como um ser estranho, um tipo que de alguma forma gosta de comunicar com pessoas que não conhece e de escutar conversas de outros radioamadores onde a sua presença é desconhecida. O radioamador também não colhe as melhores simpatias nos vizinhos que abominam as horríveis antenas nos telhados e ganham problemas nervosos com as interferências nas televisões. Pois é sempre na hora da novela ou no jogo do Benfica que a bendita televisão começa a fazer chuva! Infelizmente esta deve ser a opinião generalizada entre os cidadãos que de alguma forma já conheceram um radioamador ou até mesmo partilham vizinhança com algum.

Hoje em dia, com o melhoramento dos equipamentos receptores de TV, que obedecem a normas de construção europeias, as interferências são mais raras. Também o melhoramento na distribuição do sinal de TV contribuiu significativamente para o fim das interferências e por estes aspectos a harmonia vai aparecendo entre vizinhos. Em Portugal hoje há cerca de 5 mil radioamadores licenciados, embora muitos deles apenas com actividades esporádicas, ainda é possível reunirem-se, nas ocasiões e eventos levados a cabo pelas associações, centenas de radioamadores a confraternizar, chegando mesmo a contar com acompanhamento televisivo tal é a importância do evento.

Curiosamente, no “ar” onde correm as ondas hertzianas, há muito pouco tráfego. Isto deve-se em grande parte à simplicidade das novas tecnologias como a Internet e os baixos custos dos telemóveis que vieram fazer com que muitos radioamadores cessassem a suas actividades, e que em verdade serviu para selecionar dentre os radioamadores aqueles que realmente gostam do radioamadorismo na sua essência.

Frequências

Dentro do espectro das ondas de rádio existem muitas bandas “frequências” estas começam nos 1,820 MHz (onda média) e vão até 300 GHz (micro ondas), cujas frequencias aos radiomadores atribuídas, seja como base primária (exclusivo ou prioritário aos radioamadores) seja como base secundária (compartilhadas e não prioritárias aos radioamadores) são determinas pela IARU e compreendem as seguintes bandas:

160 metros – 1800-1900 kHz
80 metros – 3500-3850 kHz
60 metros – 5150-5300 kHz
40 metros – 7000-7300 kHz
30 metros – 10300-10450 kHz
20 metros – 14000-14450 kHz
15 metros – 21000-21450 kHz
12 metros – 24000-24300 kHz
10 metros – 28000-29300 kHz
6 metros – 50-54 MHz
2 metros – 144-146 MHz
130 cm – 220-240 MHz
70 cm – 430-440 MHz
23 cm – 1,2 GHz

As bandas mais usadas são as chamadas ondas curtas, que estão compreendidas nas frequências 3,500 MHz até 30 MHz, onde os Radioamadores fazem o chamado “CQ”, resultando muitas vezes contatos para o estrangeiro.

Na verdade com umas antenas simples como arames e potências reduzidas um radioamador pode comunicar facilmente com outro em qualquer pais do mundo, dependendo das condições de propagação.

As frequências acima dos 30 MHz são geralmente usadas para comunicações locais, tal como os 144 MHz e os 432 MHz . Estas altas-frequências são muito usadas por estações móveis, que com a rede nacional de repetidores conseguem cobrir facilmente todo o país.

Modos de Operação

As comunicações são geralmente em três modos distintos: em Fonia, em Código Morse ou Dados.

-Fonia é em voz normal e esta pode ser modulada em Frequência (FM), em Amplitude (AM), em portadora suprimida (SSB) e o idioma geralmente usado nos contatos com povos não lusófonos é o inglês.

-O Código Morse (CW), ainda muito usado pelos amadores, que, a despeito do avanço na qualidade tecnica dos equipamentos é mantido como uma tradição a ser preservada. Destre as características desse modo, mesmo em dias de propagação ruim é possível obter-se um bom comunicado, apesar da relação sinal/ruido baixa.

-Os modos digitais mais comuns são o RTTY, AmTOR, PSK31, Hellsreiber, Paket, SSTV, cada qual apresentando características específicas e codificadas em protocolo ASCII e AX.25. Tais aplicações permitem a transmissão de textos e imagens, bastante uteis na divulgação de boletins ou comunicados nos quais as condições para fonia sejam insatisfatórias.

Os diversos modos somam-se entre sí permitindo recursos de comunicação e principalemnte pesquisa na criação e aprimoramento de novos meios, considerando-se as finalidades do radioamadorismo, constitui-se pois o terreno ideal para tais práticas e pesquisas.

As actividades dos radioamadores podem ser muito distintas, compreendendo atividades de “DX”, nas quais se pretende o estabelecimento de contatos à longas distancias; atividades de comunicados locais e de pequena distancia; atividades de concursos, nas quais são estabelecidas regras de pontuações conforme o número, tipo de estação e região contactados; Comunicações via satélites da AMSAT e comunicações com satélites tripulados, como a Estação Espacial Internacional; comunicados através de reflexão lunar e meteórica

Regulamentos e Acesso

Em Portugal existem 3 classes de Radioamadores A, B e C estas distinguem-se pelo indicativo de chamada e o detentor de cada licença tem mais ou menos permissão de uso de frequências e potencia consoante a sua classe. Ex: a Classe A tem plenos direitos e a classe C apenas pode transmitir em VHF e UHF. ( a classe A apenas pode ser adquirida após 2 anos como classe B e mediante exame de telegrafia manual.)

Estas classes são atribuídas mediante um exame que é pedido pelo interessado á Anacom, autoridade nacional que tutela as comunicações.

Os exames consistem em questões de electrónica, rádio-electriciade e legislação.

Equipamentos Utilizados

Desde os primórdios do advento do radioamadorismo, os equipamentos eram construídos pelos próprios radioamadores, utilizando materiais e técnicas disponíveis na época (válvulas, capacitores, resistores, bobinas de indução. Tal prática continuou com o advento do transístor e praticamente cessou com o advento dos circuitos integrados e placas SMD, que passaram a exigir equipamentos adicionais para montagem e calibração que fugiram do alcance do raioamador médio.

Os rádios e equipamentos que os Radioamadores hoje usam são muito diversos: uns são muito sofisticados e podem custar até 10 mil € mas o preço de um rádio normal ronda os 1000€, no mercado de segunda mão andam em torno dos 300€

Claro que há ainda quem goste de construir o seu próprio equipamento e estas pessoas são muito apreciadas no panorama do radioamadorismo mundial. Em Portugal há muitos bons técnicos Radioamadores a trabalhar com rádios “caseiros” e que normalmente são muitos respeitados pela comunidade de radioamadores, pois é neles que reside o conhecimento.